Por Lúcio Costa
Reza a lenda que certa feita, um jornalista europeu – com o eurocentrismo que lhes entranha a alma – perguntou a Garcia Marques “se havia se inspirado no surrealismo para escrever suas estórias”. Marquez contestou: “Para que? Vivo na América Latina”.
Tinha razão Gabo. Essas terras, para o bem e para o mal, são de uma realidade mágica.
No Brasil, nestes últimos 18 meses vivemos uma realidade na qual, em nome do combate a corrupção, uma quadrilha legislativa liderada por um escroque réu no STF de braços dados com um vice-presidente que faz de Judas Iscariotes um exemplo de lealdade contando com a omissão cumplice de um Supremo que como tal tem apenas os proventos de seus membros desavergonhadamente se põe a assaltar o governo para realizar propostas – fim da CLT e do SUS, privatização das empreses públicas, das Universidades Federais, congelamento das aposentadorias e pensões – que se expostas ao eleitorado e, ausentes outros candidatos, fariam de Rui Pimenta e Zé Maria campeões de voto. Enfim, uma terra em que a Casa Grande está a inventar uma democracia sem voto povo .
Não bastasse tudo isso, ainda há a malta que, envergando camisetas verde-amarelas da CBF, contam agora com a grana e o silêncio do Tio Sam para amanhã entregarem o Pré-Sal e a Petrobrás aos gringos.
Sem dúvida essa é uma realidade fantástica! Macondo é aqui.
Do contrário, voltaremos aos anais da história como o país em que os senhores de escravos frequentavam saraus abolicionistas, seremos apenas a Pátria da Impostura.