Eles não esperavam que Dilma fosse ao Senado fazer a própria defesa, encará-los e desafiá-los a provar que ela cometera crime de responsabilidade.
Talvez pensaram que seria uma sessão sobre a qual teriam domínio, como de costume, mas não foi bem assim.
O discurso de Dilma foi tão forte e esclarecedor sobre as tramas e conspirações que levaram ao golpe que os fez calar.
Os senadores saíram pela retórica, coisa que eles estão acostumados a fazer, mas, num julgamento apenas a retórica não vale.
A defesa dela foi impecável. Senadoras e senadores como Ana Amélia, Aloysio Nunes, Aécio Neves, Cássio Cunha Lima e outros desceram da tribuna de rabo entre as pernas.
O Brasil conheceu hoje, mais uma vez, a coragem e a dignidade de Dilma, que enfrentou na vida dois tribunais injustos: o da ditadura militar e o do golpe parlamentar, no Senado. Os dois por lutar pela democracia e pela justiça.
Ela sairá do julgamento de espírito elevado, o Senado completamente desmoralizado, rebaixado, e exposto ao Brasil e ao mundo como uma instituição dominada por um bando de ratos.
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Dilma no Senado: Não esperem de mim o obsequioso silêncio dos covardes”
Ao enfrentar pela segunda vez um tribunal de exceção, sem se intimidar diante dos seus
algozes – com a mesma altivez que enfrentou os generais no tribunal de exceção da ditadura militar -, a presidenta Dilma Rousseff apresentou a sua defesa na sessão do Senado desta segunda-feira (29).
Dilma sacudiu as consciências
É possível que Dilma não tenha virado votos com seu comparecimento ao Senado mas é certo que mexeu com algumas consciências no plenário e com a vastidão do imaginário popular em relação ao processo. O discurso, a firmeza, a disposição para o debate, o preparo intelectual, tudo somou para fazer de sua apresentação um ato de estadista
*Autor, entre outros trabalhos, de Florestan Fernandes – vida e obra; Florestan Fernandes – um mestre radical; e O Outro Lado do Real