Milhares de pessoas participam sábado (21/01), no centro de Washington, capital dos Estados Unidos, da Marcha das Mulheres contra Donald Trump, novo presidente norte-americano, e suas anunciadas políticas contra os direitos das mulheres e outras minorias sociais, como imigrantes
As declarações controversas de Donald Trump não só causaram uma onda de protestos nos EUA, elas também inspiraram as mulheres a se juntarem em marcha global.
Tudo começou com a postagem de uma avó do Hawaii, Teresa Shook, que simplesmente dizia:
“E se as mulheres marchassem em massa em Washington perto do dia da posse?”
E agora esse pensamento simples, cheio de frustração pelos atuais acontecimentos políticos nos EUA, se manifestou num movimento total intitulado Women’s March em inglês.
Um gorro rosa para pedir mais respeito
Milhares de manifestantes vestiram gorros de lã cor de rosa com orelhas de gato, que se tornaram símbolo do desafio ao novo governo. Os gorros, ou “pussy hats”, como são chamados em inglês, têm um trocadilho, porque a palavra em inglês “pussy” tanto pode significar gatinho quanto a forma pejorativa de se referir ao órgão sexual feminino.
A palavra faz referência direta a um áudio de 2005 vazado durante a campanha eleitoral em que Trump, conhecido por sua retórica controversa e divisionista, afirma que “quando você é uma estrela, [as mulheres] deixam você fazer o que quiser. Pode agarrá-las pela ‘pussy'”.
A marcha é apoiada oficialmente pela Anistia Internacional e pela Planned Parenthood, a maior rede de planejamento familiar do país, da qual os republicanos do Congresso querem tirar o financiamento.
Também estavam presentes nos atos realizados em território americano representantes do movimento Black Lives Matter, uma associação especializada na denúncia de abusos policiais contra os negros.
500 mil foram às ruas em Washington
Mais de 500 mil foram às ruas em Washington. Dezenas de milhares de mulheres, muitas com gorros de lã cor de rosa que se tornaram símbolo do desafio ao novo governo, se reuniram ontem em Washington para exigir que o presidente Donald Trump respeite seus direitos e os das minorias.
Trens, metrôs e ônibus cheios de manifestantes – na maioria mulheres de todas as idades, mas também vários homens – chegavam com seus cartazes coloridos o que aumentou a estimativa inicial de participantes de 200 mil para 500 mil pessoas,
Queremos enviar “uma mensagem clara ao mundo e ao nosso novo governo em seu primeiro dia no cargo de que os direitos das mulheres são direitos humanos”, disseram os organizadores.
“A marcha é uma demonstração de nossa solidariedade e nossa crença de que os Estados Unidos devem ser grandes e devem respeitar todas as pessoas, de todos os credos e cores”, declarou Lisa Gottschalk, uma cientista de 55 anos que viajou da Pensilvânia para protestar.
Após ouvir vários cantores e oradores, alguns famosos como o cineasta Michael Moore e a atriz Scarlett Johansson, os manifestantes marcharão pela Esplanada Nacional até perto da Casa Branca. Outras celebridades como a cantora Miley Cyrus também participaram do protesto.
“Não podemos passar de uma nação de imigrantes a uma nação de ignorantes”, alertou uma das primeiras oradoras, a atriz de origem hondurenha América Ferrera, em referência à promessa de Trump de deportar entre 2 e 3 milhões de imigrantes e construir um muro na fronteira com o México.
América Ferrera acrescentou.:
“O presidente não é a América. Seu partido não é a América. O Congresso não é a América. Nós somos a América e estamos aqui para ficar”.
Trezentas e setenta “marchas irmãs” ocorrem em outras grandes cidades do país, assim como no exterior.
Marcha pelo mundo
Londres, 100 mil pessoas
Outros locais pelo mundo também aderiram ao movimento. Em Londres, 100 mil pessoas participaram da marcha. A maioria dos manifestantes eram mulheres, que saíram em passeata da embaixada dos Estados Unidos até a praça Trafalgar. Em Paris, 2 mil pessoas se concentraram perto da Torre Eiffel com cartazes em que se lia “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”, referindo-se ao lema francês.
Em Barcelona, Roma, Amsterdã e Genebra, também houve manifestações contra os comentários de Trump sobre as mulheres.
Em Tel Aviv cerca de 1.000 pessoas protestaram perto da embaixada americana, com cartazes com frases como “O ódio não é grande” em referência ao slogan de Trump: “Fazer os Estados Unidos grandes de novo”.
Em Budapeste, 400 pessoas se solidarizaram com os manifestantes em Washington, algumas exibindo cartazes contra a contrução do muro que Trump quer erguer na fronteira com o México.
Em Berlim, centenas de pessoas se concentraram em frente à embaixada dos Estados Unidos, gritando palavras de ordem em favor dos migrantes, em um país que recebeu cerca de 1 milhão de pessoas que fugiam da guerra e pobreza em 2015.
Em Praga, a organizadora da passeata comentou: “Queremos expressar nosso apoio a valores como democracia, direitos humanos, meio ambiente e direitos das mulheres.”
Em Johannesburgo, África do Sul, manifestantes exibiam cartazes em que se lia “A vida dos negros importa”.
Austrália e Nova Zelândia
Milhares de cidadãos de várias cidades da Nova Zelândia e da Austrália iniciaram neste sábado (21/01) o movimento mundial de apoio às mulheres norte-americanas, que realizam hoje em Washington uma marcha contra Trump.
A maior manifestação foi realizada em Sidney, na Austrália, onde milhares de pessoas se reuniram neste sábado para marchar pela cidade. Os organizadores da Marcha das Mulheres em Sidney afirmam que a passeata não é apenas contra as políticas de Trump e sim contra qualquer violação dos direitos das mulheres e das minorias.
Vejas as fotos
Fonte: Agência Sptunick – Fotos AFP