Com uma participação aproximada de 65% da população a Irlanda dá uma virada histórica e aprova em plebiscito o aborto.
A maioria aprovou a proposta de revogar a oitava emenda à Constituição da Irlanda e permitir que o governo introduza nova legislação.
A oitava emenda introduzida em 1983 reconheceu o direito igual à vida tanto para a mãe quanto para o feto, efetivamente proibindo abortos em quase todas as circunstâncias.
Sob a legislação alterada, todas as mulheres serão capazes de interromper a gravidez antes de 12 semanas, enquanto aquelas mulheres cuja saúde ou vida é ameaçada pelo trabalho de parto poderão abortar até 24ª semana de gravidez.
“O que vemos hoje é a culminação de uma revolução silenciosa que ocorreu na Irlanda nos últimos 10 ou 20 anos”, disse Leo Varadkar no canal público RTE.
“As pessoas disseram que queremos uma Constituição moderna para um país moderno, que confiamos e respeitamos as mulheres para tomarem as decisões corretas sobre a sua própria saúde”, acrescentou.
Essa vitória ocorre após três anos da legalização, também por referendo, do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Aquela aprovação já havia sido tratada como um terremoto cultural no país de 4,7 milhões de habitantes.
O governo irlandês defende que as mulheres sejam autorizadas a interromper a gravidez nas primeiras 12 semanas, com assistência médica certificada.
Os profissionais de saúde terão o dever de falar e debater a opção pelo aborto com a grávida, que terá de respeitar um período de três dias de reflexão.
Terminado este prazo, e se mantiver a sua vontade, poder-se-á realizar a interrupção da gravidez.
Em campanha pelo voto sim, irlandeses lembraram Savita Halappanavar, que morreu em 2012, aos 31 anos, após ter pedido de aborto negado, em murais nas ruas. Savita pediu várias vezes para que tirassem o bebê, já que não podiam salvar sua vida. Ela sentia fortes dores, mas os médicos diziam que o aborto era ilegal. Após sua morte, a autópsia revelou que a causa da morte foi septicemia (infecção generalizada).
*Com informações da RTP, Sputnick e do Irish Independent