Congonhas: Militares impediram sequestro de Lula

Reproduz-se abaixo a matéria de  Jari Maurício da Rocha na qual afirma que um pelotão da Força Aérea brasileira, estacionado regularmente em Congonhas, sob comando de um coronel, ao saber do que se cogitava o sequestro de Lula, enfrentou agentes armados não fardados da PF e interditou o uso da aeronave bem como; o editorial de Saul Leblon em Carta Maior no qual é apresentada a proposta de uma CPI de Congonhas.

O plano de prender Lula poderia ter acabado em tragédia

O que teria, de fato, atrapalhado os planos de levarem o ex-presidente Lula para Curitiba é umas das questões mais levantadas após a última tentativa da equipe de Moro.

Aeroporto de Congonhas, sexta-feira, 04 de março, cedo da manhã.

Soldados da polícia da aeronáutica estranham a movimentação de outros policiais armados.

Bloqueiam a entrada e não deixam eles entrarem no aeroporto. Não teriam reconhecido a farda que foi usada pela Polícia Federal, que estava fortemente armada.

Um dos soldados avisa ao coronel o que está ocorrendo.

O coronel fica furioso.

O reforço é chamado. Em poucos minutos a polícia da aeronáutica está preparada com centenas de homens para, se preciso for, confrontar os policias da PF.

A confusão é enorme, então descobre-se que o ex-presidente estava sendo conduzido. Neste momento, o coronel assume o comando do aeroporto e dá ordens para que cem homens da Polícia da Aeronáutica cerquem o jatinho que, segundo lhe informaram, levaria o ex-presidente Lula para Curitiba.

Mais tensão.

Sabe-se então que Lula está na sala da PF para interrogatório. Neste instante é aventada a decisão de invadir a sala para resgatar o ex-presidente. Há uma negociação, mas o coronel, que segundo consta é legalista, teria perguntado: “O que vocês pensam que estão fazendo com um ex-presidente?”.

Em meio a isso, o ex-deputado, professor Luisinho já estaria protestando contra a detenção de Lula e há uma baderna enorme defronte a sala da PF. Manifestantes contra Lula entram em êxtase.

Desmentidos surgem, mas o coronel do aeroporto não dá sinais de recuar. A PA permanece a postos, pronta para qualquer tentativa de condução de Lula.

A equipe da lava-jato desiste do plano A, que seria levar Lula à Curitiba – onde deputados de oposição já estariam comemorando.

Além disso, decidem reduzir o tempo do interrogatório, que era pra ser bem mais longo e, consequentemente, mais cansativo ao ex-presidente.

A Polícia da Aeronáutica, sob o comando do coronel, não arreda pé.

Diante do impasse, o juiz Sergio Moro teria dado ordens para abortar a operação.

O ex-presidente Lula é libertado.

A operação fracassou.

Quem forneceu essas informações, relatou tudo isso, exatamente desta forma.

Provavelmente quem esteve no local, naquela fatídica manhã de sexta-feira, possa ter visto parte desse impasse.

Sobre a veracidade desta versão, cabem duas questões:

De fato aconteceu desta maneira, a partir da ótica do narrador.

Ou, como disse a personagem do filme “Cortina de Fumaça”, Paul Benjamin, interpretado por William Hurt, após ouvir a história de natal de Auggie Wren (Harvey Keitel):

“Para se contar uma boa história tem-se que saber apertar as teclas certas. E nisso, você é mestre”.

Quando o narrador dessa história terminou de contar, me disse: “Podia ter acontecido uma tragédia. Foi muito tenso”.

A mim coube apenas a fidelidade do relato sem o uso de qualquer recurso literário.

Uma CPI do Congresso Para Congonhas

Os fatos são da maior gravidade e, traz à memória os episódios ocorridos em Porto Alegre em 1961 quando um grupo de sargentos da Aeronáutica impediu que o Palácio Farroupilha, sede do governo gaúcho e onde estava localizado o centro da resistência a tentativa de impedir a posse do presidente João Goulart , fosse bombardeado por militares golpistas.

Em  confirmados, os fatos revelam que no compasso da recente nota divulgada pelo general Otávio do Rêgo Barros, do Centro de Comunicação do Exército, que a opção pela legalidade democrática neste momento é forte nas Forças Armadas. Preservar essa situação cobra tanto, organizar a mais ampla resistência democráticas nas ruas quanto, por a luz os meandros do fatos ocorridos em Congonhas.

Nesse sentido, em editorial da Carta Maior o jornalista Saul Leblon, “Pelotão da Aeronáutica impediu o sequestro politico de Lula“, diz que:

O conjunto dos fatos …. relatados e seu potencial explosivo requer que os detentores de mandatos democráticos tomem medidas cabíveis.
 
A primeira e mais urgente delas é o esclarecimento completo do que se passou de fato no aeroporto de Congonhas em São Paulo, na manhã de quatro de março, envolvendo um ex-presidente da República, policiais não fardados da PF, ordens de promotores e do juiz Moro, a existência de uma aeronave para decolar rumo a Curitiba e a relatada resistência de um pelotão da Aeronáutica ao uso desse aparelho para esse fim.

E propõe:

O Congresso brasileiro tem a obrigação de assumir o esclarecimento desses fatos para abortar aventureiros e serenar a inquietação que toma conta da opinião pública.
 
É a hora de se instaurar uma CPI de Congonhas para que o Brasil não seja submetido outra vez a uma  República do Galeão.

Tem razão!

É tempo de trazer luz às trevas do golpismo, de revelar à Nação seus agentes e mandantes!

Fonte: Carta Maior

 

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