Pesquisas divulgada no dia 10/04 pelo Datafolha mostra que 61% das pessoas querem o impeachment de Dilma e 63% dos entrevistados avaliaram o governo ruim ou péssimo. Em relação à última pesquisa, feita no mês passado, houve melhora para a presidenta nos dois quesitos: 68% eram favoráveis ao impeachment e 69% tinham uma avaliação negativa do governo. A pesquisa repercutiu de forma diversa entre governistas e oposicionistas do Congresso Nacional.
Segundo o líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA), os números representam uma “sinalização” do início de uma “curva descendente da rejeição ao governo”. Para Antônio Imbassahy (BA), líder do PSDB na Câmara, a avaliação da população sobre o governo continua negativa e “não altera em nada a marcha do processo de impeachment”.
Segundo o levantamento feito nos dias 7 e 8 de abril, publicado na edição deste domingo da Folha de S.Paulo, 60% das pessoas querem a renúncia tanto de Dilma como de Temer. Enquanto 61% se diz favorável ao impeachment da presidenta, 33% se diz contrário a tal processo e 58% acha que Michel Temer deve sofrer impeachment. Na pesquisa anterior, feita nos dias 17 e 18 de março, a situação estava pior para o governo: 68% eram favoráveis ao impeachment de Dilma e 27% eram contrários.
A pesquisa mostra que a avaliação sobre o governo de Dilma continua bastante negativa, mas apresentou uma melhora, na comparação com o levantamento feito em março. Na última pesquisa, 63% dos entrevistados avaliaram seu governo como ruim ou péssimo; 24% como regular; e 13% como ótimo ou bom. No mês anterior estes índices estavam em 69%, 21% e 10%, respectivamente. Todos os levantamentos apresentam a mesma margem de erro: dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
Intenções de votos
A pesquisa mostrou uma recuperação das intenções de votos para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para as eleições presidenciais de 2018. Nos quatro cenários apresentados na pesquisa, Lula obteve entre 21% e 22% dessas intenções de votos. A candidata da Rede Sustentabilidade, Marina Silva, aparece sempre com índices bem próximos ao de Lula, com intenções de votos que variam de 16% a 23%, dependendo de quem seja o concorrente do PSDB na disputa.
Em todos os cenários apresentados pela pesquisa, os candidatos tucanos registraram quedas, na comparação com os levantamentos anteriores. Na comparação com a pesquisa feita em dezembro de 2015, Aécio Neves (PSDB) caiu 10 pontos percentuais, passando de 27% para 17%. Geraldo Alkimin (PSDB) caiu cinco pontos no mesmo período, passando de 14% para 9%; e José Serra (PSDB) registrou queda de 4 pontos (de 15% para 11%).
Outro que apresentou índices bem negativos foi o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). De acordo com o Datafolha, 73% das pessoas acham que ele deve renunciar, e 77% são a favor da cassação de seu mandato. Apenas 11% das pessoas avaliam o Congresso Nacional como bom ou ótimo; 43% como regular; e 41% como ruim ou péssimo.
Afonso Florence
Segundo o líder do PT na Câmara, Afonso Florence (PT-BA), os números representam uma “sinalização” do início de uma “curva descendente da rejeição ao governo”, pela população. Ajudam também, na avaliação do líder petista, fatores como a redução do custo de energia e a melhora da economia, após um período de alta de juros e de inflação.
“Existem dois fatores importantes na impopularidade de Dilma: o impacto da crise internacional e, posteriormente, a nacional; e [os problemas] com o ajuste fiscal. As próprias agências de rating foram claras quando rebaixaram a nota do Brasil e disseram que era a crise política o que mais afetava o país”, disse.
Para Florence, a percepção de que a oposição está tentando “emplacar um golpe no país” também influenciou os números do Datafolha. Ao mesmo tempo, as “calúnias e os ataques a Lula já estão sendo percebidos”, o que favorece o cenário para o governo atual nas eleições de 2018. “A favor do Lula tem o fato de continuar sendo considerado o melhor presidente que o Brasil já teve”, disse o deputado.
“Dos três lideres da oposição que hoje são de um mesmo grupo que se autoprotege, o maior líder é o Eduardo Cunha, que patrocinou as pautas bombas, a desestabilização política e o golpe. Só que em seu histórico vemos de forma clara que ele luta para tirar os direitos civis do cidadão brasileiro. Temer e Cunha apresentam essa rejeição crescente porque ambos têm se mostrado em conluio com o golpe e com a blindagem de muitos dos investigados”, disse.
A queda nas intenções de votos aos candidatos tucanos já era esperada, pelo deputado petista:
“Eles foram rejeitados até mesmo nas manifestações convocadas por eles em estados como São Paulo e Bahia. Os tucanos são identificados como blindados apesar de terem sido denunciados e acusados por meio das delações premiadas. Todos veem que eles não patrocinam as investigações e o combate à corrupção. Eles apenas se protegem. O eleitorado percebeu isso e os colocou no fim da fila, no mesmo patamar do Jair Bolsonaro (PSC-RJ)”.
Fonte: EBC