Com encerramento neste dia 10/04 Fortaleza foi da primeira edição da Feira do Cordel Brasileiro: “Uma caixa de Cordéis para você!”. A iniciativa é da AESTROFE – Associação de Escritores, Trovadores e Folheteiros do Estado do Ceará – com o patrocínio da Caixa Econômica Federal e do Governo Federal e apoio de diversas editoras do gênero.
A programação gratuita reuniu muitos dos principais expoentes da Literatura de Cordel no país, além de cantadores de viola e de música regional. Entre as atrações estão os músicos: Beto Brito, Estrela do Norte, Edilson Barros, do grupo Batuta Nordestina, e Cayman Moreira.
Ocorreram apresentações de repente com a dupla Geraldo Amâncio e Zé Maria de Fortaleza e muita declamação de poesia com os cordelistas: Klévisson Viana, Evaristo Geraldo, Lucarocas, Paulo de Tarso, Raul Poeta, Arievaldo Viana, Rafael Brito e Chico Pedrosa (foto), o homenageado desta primeira edição por ocasião dos seus 80 anos de vida e arte.
É a simplicidade que encanta e atravessa gerações. “O cordel encanta pela simplicidade, e tudo o que é simples encanta”, garante o poeta cearense Lucarocas, membro do Centro Cultural dos Cordelistas do Nordeste (Cecordel) e um dos convidados na I Feira do Cordel Brasileiro, que acontece a partir de hoje na Caixa Cultural Fortaleza. Com ampla programação gratuita distribuída em seis dias, o evento vai contar com recitais, exposições, cantorias, shows e oficinas.
Na organização e curadoria da Feira está o cordelista cearense Klévisson Viana, Prêmio Jabuti de Literatura em 2015 com o livro O Guarani em Cordel, adaptação da obra de José de Alencar. Klévisson, responsável pelo tradicional espaço Praça do Cordel, na Bienal Internacional do Livro do Ceará, aceitou o desafio de ampliar o universo de discussão em torno do gênero.
“É um evento muito maior que os anteriores, com mais atrações e muito mais força”, argumenta o curador, que acredita que a cultura do cordel vem ganhando cada vez mais visibilidade: “Ela vem se ampliando, e a gente que tá no miolo da rapadura percebe que a coisa tá cada vez mais presente nas escolas, universidades, nos meios de comunicação e na propaganda”. Segundo Klévisson, só em Fortaleza existem atualmente cerca de 150 poetas em atividade.
Homenagem
Para esta primeira edição, a Feira escolheu homenagear um dos mais respeitados cordelistas e declamadores do País, o paraibano Chico Pedrosa. Autor de mais de cinco livros e vários CD’s e DVD’s, Pedrosa apresenta seu recital na noite de hoje, às 20h20min, no pátio externo da Caixa Cultural. Na noite de quinta, 7, o poeta participa de outro recital em homenagem aos seus 80 anos recém completados.
Nascido em 1936 na zona rural do município de Guarabira, interior da Paraíba, Chico Pedrosa teve uma infância agrícola e começou a escrever folhetos de cordel aos 18 anos, inspirado pelo ambiente que o cercava: “Nasci e me criei na roça, só conheci a cidade aos 14 anos. O campo tem tudo a ver com o que a gente faz, é a alegria e a vida”. Seu Chico foi camelô e representante de vendas até conseguir viver de escrever e recitar seus trabalhos. O cordel é sua força: “Ele é minha natureza, meu jornal, minha vida. Ele é o que fica. É tudo pra gente”.