O Conluio Cunha, Temer, Lewandowski e FIESP

Por Lúcio Costa

Nestas últimas horas,  diante da condenação da opinião pública internacional, em face da desconfiança e aversão crescentes da população com o impeachment e o acordo para livrar Cunha, a troupe Temer, Cunha, Aécio & Cia  tem realizado lances no sentido de consolidar e legitimar o assalto ao governo, superar as divisões existentes no campo do golpismo via um acordo que consagre o apoio agora à Temer e amanhã ao tucanato. Par e passo aos movimentos da corriola golpista o STF, o empresariado e bancada BBB apresentam suas faturas, o preço a seu apoio e conivência com o golpe.

 Senado:  a relatoria de Anastásia

O Senado elegeu o presidente, Raimundo Lira (PMDB-RJ e, o relator – Antonio Anastásia (PSDB-MG), da comissão que vai analisar se aceita o processo de afastamento de Dilma.

Anastasia foi indicado pelo bloco parlamentar PSDB-DEM-PV, mas seu nome foi rejeitado por senadores do PT e da base governista, que afirmaram que o tucano não teria a isenção necessária para conduzir o processo.

Desta maneira, ao senador que ademais de ser do PSDB foi o vice-governador de Aécio Neves caberá formular a decisão de aceitação ou não do pedido de impeachment aprovado pela Câmara Federal sob a batuta de Cunha. No popular: puseram a raposa a cuidar do galinheiro!

O simulacro da normalidade golpista no Senado

O Judiciário: Lewandowski e a “cobrança da fatura”

Em julho passado, a presidente Dilma Rousseff vetou o projeto de lei que daria reajuste de até 78,6% aos servidores do Judiciário, e que havia sido aprovado na Câmara e no Senado por ampla maioria. Nas contas do Ministério do Planejamento, o reajuste teria um impacto de R$ 36,2 bilhões no orçamento até 2019. No ano passado, os ministros do Supremo também encaminharam proposta de reajuste dos próprios salários, que passariam de R$ 33,7 mil para R$ 39,3 mil.

Agora, às vésperas da votação pelo Senado do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, fechou acordo com líderes partidários na Câmara para a votação do reajuste salarial de magistrados togae servidores do Judiciário.

Nos corredores da Câmara – segundo reportagem do Valor – o convite feito aos deputados por Lewandowski para o café foi apelidado de “cobrança da fatura”, após o STF não interferir nas votações do impeachment pela Casa. A ideia é aprovar a urgência do projeto de lei e, no mesmo dia, analisar o mérito do texto no plenário da Casa.

Enquanto isso, jaz no Supremo o processo contra o líder da bandidagem no Congresso e réu da Lava Jato, Eduardo Cunha, alvo de seis inquéritos por corrupção e lavagem de dinheiro. Já passam de 130 dias que o pedido de afastamento de Cunha, feito pelo Procurador Geral da República segue a dormitar nos escaninhos do Supremo.

Detalhe: o STF segue sem apreciar a decisão que impede que o ex-presidente assuma o ministério da Casa Civil do Governo Dilma.

O STF e os deputados: o negócio é à vista

A Câmara Federal e a agenda BBB

A bancada BBB (Boi, Bala e Bíblia) vai cobrar de Temer a fatura na votação do impeachment de Dilma Rousseff, quando entregaram mais de 80% de seus votos pelo afastamento da presidenta Dilma Rousseff.

Daí que, o afrouxamento do Estatuto do Desarmamento, uso do Exército em conflitos agrários, PEC 215 e estatutos da Família e do Nascituro podem voltar à pauta. Desta forma, somar-se-ão uma contrarreforma paleoliberal a um ataque em linha aos direitos individuais e as liberdades civis. É o sonho da bancada BBB.

Na toada, da revanche conservadora contra o povo o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Marcos Montes (PSD-MG), disse hoje (27) que vai sugerir ao vice-presidente da República, Michel Temer, uma mudança na Constituição para permitir que o Exército atue na repressão a movimentos sociais do campo, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST).

Temer, esperança da bancada BBB

A Fatura do Empresariado

A burguesia apresentou (27/04) ao vice-presidente da República, Michel Temer, um conjunto de 38 propostas. Segundo o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, entre as sugestões estão mudanças nas legislações trabalhistas e previdenciária, alteração na política cambial908512-cni_senado_camara021, refinanciamento de dívidas das empresas e desburocratização.

Na área trabalhista, o presidente da CNI defendeu a aprovação do projeto de lei que regulamenta as terceirizações e a “valorização” dos acordos sindicais entre trabalhadores e empresários. Eufemismos a parte, o empresariado quer a aprovação dos projetos de lei que permitem a ampliação da terceirização para quaisquer atividades nas empresas e, a prevalência dos acordos coletivos de trabalho sobre a legislação trabalhista, ou seja, um xeque-mate na CLT!

CNI pede a Temer mudanças nas legislações trabalhista e previdenciária

Renan, Temer & Aécio: o acordão do golpismo

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), recebeu (27/04) o vice-presidente Michel Temer, seu correligionário, e o senador Aécio Neves (PSDB-MG) na residência oficial do presidente do Senado.

A justificar a reunião, mas também a revelar as preocupações do conservadorismo com a rejeição crescente da sociedade brasileira ao impeachment Renan ao final da reunião declaro que, “nós falamos da necessidade de superarmos essa pauta de ocupação de cargos. Isso é uma coisa que está sendo contrariada pela sociedade brasileira. A virada que esse momento pode ou não possibilitar, requer uma qualificação dessa pauta”.

Logo após, trouxe à luz a extensão da agenda do golpismo  ao declarar que, é fundamental discutir cenários, a necessidade de fazer mudanças, reformas institucionais, essa questão do Banco Central – se vamos ter um Banco Central independente ou não – se vamos fazer a reforma política, o que vamos fazer com a questão fiscal, quais mudanças virão ou não. Eu acho que é isso que tem que dominar o noticiário de cada dia”.

Na senda do arreglo Renan disse: “Michel, nós tivemos mais convergências do que divergências”, sendo prontamente respondido por Temer: “Claro, você sempre me ajudou Renan. Quero que você continue me ajudando e veja como você pode fazer isso”.

A marcar o apoio a Temer o senador Renan Calheiros declarou: “O vice-presidente sabe que o Senado, o Congresso, a Câmara, não faltarão com o Brasil”. Simples e direto.

Temer e PSDB

O vice-presidente Michel Temer confirmou na quarta-feira (27), em conversa reservada com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que a presença do PSDB em seu eventual governo, no caso de impeachment da presidente Dilma Rousseff, é “vital” para a viabilidade da nova gestão.

Lideranças tucanas, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador de1015646-df_27042016dsc_9641- São Paulo, Geraldo Alckmin, e o senador José Serra (SP) já deram declarações públicas em que não descartam que PSDB ocupe cargos num eventual governo do PMDB. A decisão será tomada pela direção nacional, segundo Aécio.

Na pauta do acordo que levaria os tucanos ao governo além da oferta de ministérios, o vice-presidente Michel Temer (PMDB), a entrega ao PSDB o comando da Câmara dos Deputados e, o fim da reeleição, ou seja, o apoio ao tucanato em 2018.

No entanto, persistem ainda que aparentemente minoritárias nas hostes conservadoras as divisões quanto a um eventual governo Temer como se expressa, por exemplo, na proposta de eleições presidenciais brandida por alguns senadores e Marina Silva.

Senadores vão levar carta a Dilma pedindo que ela apoie novas eleições

A legitimação da impostura

Assim segue a marcha do golpe:  o relator do processo de impeachment no Senado é cumplice de Aécio; uma corte suprema que por supremo tem a remuneração dos ministros que a compõe; o grande empresariado e a bancada BBB de mãos dadas a clamarem pelo fim da CLT, por jogar o Exército na repressão aos movimentos sociais e uma contrarreforma legal que em termos de direitos individuais assemelhará o Brasil a Arábia Saudita  e, um vice-presidente a bordar com o presidente do Senado e Aécio um acordo político que sustente a impostura de um golpe  desfechado por uma quadrilha legislativa com o silencio conivente do STF

Nessa toada tenta-se tanto, de tentar dar um verniz de legalidade e sobriedade a uma tramoia a provocar asco na população quanto, compor uma aliança político-social e institucional capaz de blindar a um governo que se vier a luz trará no seu nascedouro a marca da ilegitimidade e o mandado de realizar uma contrarreforma paleoliberal que pretende jogar o Brasil aos tempos da República Velha: sem CLT e a questão social sendo uma questão de policia.

A  Senzala

Noutra ponta do tabuleiro diante das manobras e  conspirações feitas na Casa Grande irrresignada com o golpe a Senzala está a resistir. A Frente Brasil Popular, que congrega partidos políticos de esquerda (PT, PC do B e PDT), centrais sindicais (CUT e CTB), movimentos sociais (Contag, MST e outros), entidades estudantis (UNE e Ubes), além de movimentos de mulheres, de negros, de jovens e LGBT, e da Frente Povo Sem Medo (MTST e outros) preparam as nifestações do próximo dia 1º de Maio, Dia do Trabalhador, devem ser as maiores já realizadas no País.

Dia do Trabalhador marcará luta contra o golpe e contra governo ilegítimo que tem programa de restrição de direitos

Manifestações do 1º de Maio denunciarão golpe e ameaça de retirada de direitos

As manifestações deste ano vão denunciar à sociedade brasileira a tentativa de golpe em curso contra a presidenta Dilma Rousseff e a consequente ameaça de retirada de direitos da classe trabalhadora.