Por Lúcio Costa
Meu pai, Waldemar Soares da Costa, era encantado pelo boxe e, naturalmente, apaixonado por Muhammad Ali. Em 1974, assistimos em nossa casa do Sarandi, na tela de uma televisão preto e branco, a luta contra Foreman.Um show no ringue e uma torcida angustiada e furiosa na plateia. Ali venceu.
Hoje passados os anos entendo que meu Velho admirava a dança e os golpes de Ali, mas gostava mesmo era da postura de Ali: ficar de pé, não desistir, enfrentar a vida.
In memoriam do Waldemar que me ensinou a lutar, a apanhar e resistir, a seguir lutando.
Muhammad Ali encerrou a carreira em 1981 com 56 vitórias, sendo 37 por nocaute. Defendeu o título mundial por 19 vezes e acabou derrotado em apenas cinco ocasiões.
O boxeador norte-americano, que ficou conhecido não apenas por ter sido três vezes campeão dos pesos pesados nos anos 70, era um lutador também fora dos ringues. Ele enfrentou o governo, lutou contra o racismo, se recusou a lutar contra o povo do Vietnã. Ali faleceu em 03/06/2016 aos 74 anos.
Abaixo alguns momentos da vida de Ali, mito do boxe e herói do povo negro.
A conquista do cinturão dos pesos pesados
Com um recorde de 19 vitórias consecutivas e nenhuma derrota em sua carreira profissional, em 1964 ele conquista o direito de enfrentar Sonny Liston pelo título dos pesos pesados. Apesar de entrar na luta como azarão, ele vence e, aos 22 anos, é campeão do mundo pela primeira vez.
Conversão ao Islamismo: nasce Muhammad Ali
Nascido no dia 17 de janeiro de 1942 em Louisville, no Kentucky, e batizado com o nome de Cassius Marcellus Clay Jr, mudou seu nome para Muhammad Ali em 1964, imediatamente após a vitória sobre Liston.
Nos EUA daqueles anos a decisão de Cassius Clay de converter-se ao Islã e adotar um novo nome era uma resposta a opressão e ao racismo da sociedade norte-americana. Nesse período, Ali conheceu e se tornou amigo de Malcon X, líder da luta contra o racismo nos EUA.
Muhammad Ali fala sobre o Racismo
A recusa em servir o exército na Guerra do Vietnã
Ali é convocado pelo exército combater na Guerra do Vietnã em 1966. Mesmo ficando claro que ele serviria como uma espécie de porta-voz e não lutaria diretamente no campo de batalha, ele se recusa por conta dos preceitos do Islã.
Vai para julgamento onde é considerado culpado. Teve seus títulos cassados, foi proibido de lutar e só não acabou preso por que pagou uma fiança de 5 mil dólares. Acabou se tornando um símbolo da resistência do povo americano à Guerra do Vietnã.
O episódio rende uma de suas frases mais famosas:
“Nenhum vietcongue me chamou de crioulo, porque eu lutaria contra eles?”.
Em 28 de junho de 1970 sua condenação foi revogada pela Suprema Corte que julgou que Ali não aceitou a convocação por convicções religiosas
A luta com George Foreman no Zaire
Em 1974, enfrenta George Foreman no Zaire, na luta que ficou conhecida como uma das maiores do século. Aos 32 anos, o maior pugilista de todos os tempos, Muhammad Ali, entrava no ringue de Kinshasa para enfrentar o então campeão George Foreman aos gritos de “Ali, bu maye!”. A frase, que queria dizer “Ali, mate-o!”.
Mais jovem e mais brutal, o rival batia forte. Mas Ali aguentou firme. A cada soco que levava, encurralado nas cordas, provocava o rival. E Foreman cansou. A tática deu certo. No oitavo assalto, Ali desferiu o golpe final com a maestria dos grandes.
Veja os melhores momentos da luta
A descoberta do mal de Parkinson
Em 1984, três anos depois de anunciar sua aposentadoria, no dia seguinte à derrota para o jovem Trevor Berbick, Ali anuncia ter sido diagnosticado com a doença de Parkinson. Apesar das dificuldades consequentes da doença, ele cria o Centro de Parkinson Muhammad Ali, no Instituto Neurológico Barrow, para promover pesquisas e oferecer tratamento a outros portadores da doença.
Filmes sobre Ali
Atualizado em 04/06/2016 às 20.52 h