Milhares contra o golpe. Lula discursa na Paulista.

Convocadas pelas frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, milhares de pessoas protestam contra o governo interino de Michel Temer.

9b657c36-d564-42e7-8218-bec2ff3d2827Ao menos 18 estados registram manifestações de repúdio ao governo interino de Michel Temer (PMDB). Os manifestantes exigem o retorno da presidenta Dilma Rousseff (PT), afastada em 12 de maio após admissibilidade de processo de impeachment no Senado. Ao longo do dia, várias cidades no exterior também contaram com atos em defesa da democracia.

Os protestos foram convocados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que reúnem dezenas de movimentos sociais. Além das capitais, muitas cidades do interior são palcos de protestos pedindo a saída de Temer da presidência. Nas rede sociais, a hashtag #ToNaRuaForaTemer figura entre os assuntos mais comentados do país no Twitter.

Pará, Amazonas, Pernambuco, Goiás, Sergipe, Ceará, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Tocantins, São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Paraíba, Minas Gerais, Piauí, Alagoas, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul contam com manifestações no que as entidades chamam chamam de Jornada Nacional de Lutas.

“O presidente ilegítimo e golpista Michel Temer não esconde o que estava por trás do afastamento ilegal da presidenta Dilma Rousseff: reforma da Previdência, arrocho nos direitos dos trabalhadores, desvinculação do orçamento da Educação e Saúde, suspensão de programas sociais como o Minha Casa, Minha Vida, Fies, Prouni e Pronatec, criminalização e perseguição dos movimentos sociais”, diz nota de convocação dos atos.

Desde a manhã, manifestantes se concentram na rua XV de Novembro, região central de Curitiba. Para o agricultor Delfino José Becker, presente desde o início, às 7h30, “o que está sendo anunciado por este governo e Congresso golpistas são cortes e retrocessos na Previdência”. “A gente não pode deixar que isso aconteça, por isso a gente parou alguns dias do nosso trabalho na lavoura”, afirmou.

Em Belo Horizonte, estudantes, professores e servidores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) realizaram ato em frente ao campus da instituição. Eles protestam contra o governo interino, pela ameaça de cortes na educação. E devem se unir aos manifestantes que ocupam a Fundação Nacional das Artes (Funarte) desde a extinção do Ministério da Cultura, promovido por Temer em seu primeiro dia de governo. Ambos marcham para engrossar o ato unificado na Praça da Liberdade, na região central da capital mineira.

Em Campo Grande, mais de 10 mil pessoas foram às ruas com um boneco batizado de “Michel Terror”. Em todo o estado do Mato Grosso do Sul, 90% das escolas públicas estão paralisadas, segundo os organizadores. No Rio de Janeiro, os manifestantes se concentram na Candelária e seguirão em passeata até a Cinelândia, no centro.

Em Porto Alegre, numa noite de frio intenso, cerca de 8500 pessoas realizaram uma

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Manifestação em Porto Alegre

manifestação na Esquina Democrática e, posteriormente fizeram uma caminhada pelo centro da cidade. A manifestação se encerrou no Largo Zumbi dos Palmares.

O Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Norte (Sindipetro-RN) realizou ato na BR-304, na altura da cidade de Mossoró. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, cerca de 200 manifestantes interditaram a via protestando contra o governo interino. Em Alagoas, manifestantes ocuparam um edifício que abriga o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a delegacia federal do extinto Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

Vagner, da CUT: vamos organizar a maior greve geral que esse país já teve

Numa manifestação com mais de 100 mil pessoas, o presidente da Central Única dos Trabalhadores, Vagner Freitas, afirmou, nesta sexta-feia (10), durante ato “Fora Temer”, que ocorre em São Paulo, que o “mais importante, neste momento, é impedir o golpe”. “Depois que a presidente Dilma retornar, a gente pensa no que vai fazer depois”, ressaltou.

“A luta é longa. É uma maratona”, frisou. “Precisamos trazer a classe trabalhadora organizada para enfrentar o golpismo”, disse.

Ele disse ainda que a “direita brasileira resolveu acabar com a democracia e nos aniquilar”.

Segundo ele, há “uma ditadura da toga e da imprensa no Brasil”.

Lula na Paulista

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que aparece em primeiro lugar nas pesquisas679b8bba-d328-4b39-9d0c-cb74ca556906 sobre sucessão presidencial, fez um duro discurso na noite desta sexta-feira, em São Paulo.
Aos gritos de “Volta, Lula”, ele praticamente reafirmou sua intenção de reconquistar o poder. “Eu respeito a Justiça, valorizei a vida inteira o Ministério Público, a Polícia Federal, a Controladoria Geral. Mas não podemos permitir que estas instituições sejam partidarizadas e tentem criminalizar um partido”, disse ele, afirmando estar de “saco cheio” das acusações contra o PT.
Lula também criticou o que considera um conluio entre imprensa e poder Judiciário. “Eu quando vejo esse conluio acho que eles não precisam da Justiça, não querem condenar com um julgamento, querem condenar com uma manchete de jornal”. Em seguida, provocou.  “Quanto mais me provocarem mais eu corro risco de ser candidato a presidente”.
Em relação ao presidente interino, Lula foi irônico. “Não existe maior demonstração do golpe dentro do golpe do que o que aconteceu quando a Dilma foi afastada. O Temer deu um golpe na decisão do Senado. Ele não agiu como presidente interino. Assumiu como se tivesse autonomia, autoridade. Ele chegou lá através de um golpe dos fascistas, conservadores”. Lula disse ainda que Temer age como se fosse um Fidel Castro ao entrar em Havana, em 1959. “Mas enquanto o Fidel fez uma revolução, Temer fez um golpe”.
Outro alvo do discurso foi o chanceler José Serra, que, segundo Lula, trouxe de volta o “complexo de vira-latas”. Lula lembrou que foi o único presidente a participar das reuniões do G-8 e que, durante sua presidência, o Brasil andou de cabeça erguida. Com Serra, estaria voltando a ser subordinado às grandes potências.
Ele ainda ironizou o fato de Temer não ter apoiadores nas ruas. “Os coxinhas têm vergonha de ir para a rua defender o Temer”, afirmou. Lula criticou ainda decisões que considera preconceituosas do novo governo. “Eles pegam como vítima o garçom Catalão, que foi demitido como espião do Lula e da Dilma.”
Sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff, disse que o Congresso Nacional hoje tem mais do que 300 picaretas. “Não é possível fazer um golpe contra a Dilma sem crime de responsabilidade.”
Lula criticou as mudanças na estrutura do governo feitas por Temer — principalmente na área social, em que ministérios dedicados a mulheres, negros e direitos humanos foram extintos — e acusou a gestão interina de não saber governar, “só privatizar”. “Se a solução fosse diminuir ministérios, era melhor tirar a Fazenda, o Planejamento e deixar os ministérios dos pobres”, disse Lula.

Manifestações no exterior

Em Buenos Aires, o Movimento Popular Pátria Grande promove uma manifestação em frente à embaixada brasileira. No intitulado “Dia Nacional de Mobilização em Defesa dos Direitos Sociais e Trabalhistas e contra Michel Temer”, outras cidades, nas Américas e na Europa, também têm registro de atos. Entre elas, Cidade do Panamá, Quito, Bogotá, Amsterdã, Barcelona, Berlim, Boston e Frankfurt.

Fonte: RBA e 247

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