Por Lúcio Costa
Recentemente a atriz e ex-modelo Luiza Brunet acusou o ex-companheiro Lírio Albino Parisotto de agressão após o término de 05 anos de namoro. As agressões teriam ocorrido em 21 de maio em Nova York. Conforme a atriz, ela teria levado um soco no olho e chutes. Luiza foi imobilizada e teve quatro costelas quebradas. Ao retornar o Brasil fez um exame de corpo de delito no IML e prestou queixa ao MP.
Em matéria do jornal Folha de São Paulo, o promotor de Justiça de São Paulo, Dr. Carlos Bruno Gaya da Costa, afirma que as imagens e os atestados apresentados pela atriz confirmam que ela foi agredida por Parisotto.
Fez bem Luíza Brunet em realizar a denúncia aos órgãos policiais e ao Ministério Público. Fez melhor ainda ao, enfrentar sua vergonha e vir a público denunciar e falar do assunto.
A denúncia de Luíza Brunet encoraja as mulheres a denunciarem a violência, pois, infelizmente se sabe que em muitos casos um dos motivos determinantes da não denúncia de violência é a vergonha das vítimas em expor sua vida intima.
No entanto, o mesmo já não se pode dizer do Grupo RBS, empresa de comunicação vinculada a Rede globo.
Hoje (05/07) o CLIC RBS, sitio web da empresa, traz a versão de Parisotto sobre as agressões. Até aí nenhuma anormalidade. No entanto, causa pasmo a forma que a matéria é levada ao conhecimento público.
No CLIC RBS a versão de Parisotto – na qual tenta transformar a si em agredido e a denunciante em agressora – foi postada no menu “GENTE E TV”. Desta maneira, por culpa ou dolo, a RBS dá o tratamento à uma denúncia e investigação de violência contra a mulher como se de mexericos dos “ricos e famosos” se tratasse.
Em pesquisa realizada pelo Senado brasileiro se estima que mais de 13,5 milhões de mulheres já tenham sofrido algum tipo de agressão. Esse número equivale a 19% da população feminina com 16 anos ou mais. Entre 2009 e 2011, foram registrados. Esse número indica uma taxa de 5,8 casos para cada grupo de 100 mil mulheres.
Como se vê, a violência contra a mulher é uma chaga, um flagelo que impede a sociedade brasileira de construir relações sociais baseadas no respeito e na tolerância, sem os quais inexiste a possibilidade da democracia.
Daí que, apresentar a versão Parisotto na sessão “GENTE E TV”, reconduzindo as agressões ao espaço dos assuntos de casal e, mais especificamente, ao tititi do high society, é um desserviço à prevenção e ao combate à violência doméstica.
Noutra banda poderiam os maledicentes de plantão atribuir o tratamento dispensado a versão de Parisotto ao fato deste haver recentemente comprado as operações de televisão, rádio e jornal que atuam sob a marca RBS em Santa Catarina.
Enfim, o certo é que, como dizia o Barão: De onde menos se espera, daí é que não sai nada.