Por Lúcio Costa
Raul Castro nos informou: Fidel Castro Ruiz faleceu. Uma notícia impactante, que nos informou da desaparição física de um dos personagens mais relevante do Século XX, daquele que junto a Simon Bolivar e Che foram os lideres maiores da luta pela emancipação de nossos povos.
A vitória da Revolução Cubana derrubou muros a direita e a esquerda.
A direita, jogou por terra a certeza dos EUA que a América Latina tinha como destino histórico ser seu quintal. Aí, Fidel nos devolveu a dignidade quitada pelos séculos de opressão colonial: era possível lutar e vencer!
A obra social da Revolução Cubana ao haver construído a sociedade menos desigual de todo o Terceiro Mundo no terreno dos fatos nos trouxe que não estávamos condenados a miséria que os 500 anos de domínio colonial e pós-colonial nos submeteram. Nessas terras se fez possível a justiça social.
A esquerda, a entrada em 1º de janeiro de 1959 das tropas guerrilheiras em Havana deitou abaixo os dogmas de um “marxismo-leninismo” que, consoante a vulgata stalinista, condenava os povos latino-americanos a subalternidade diante das ditas burguesias nacionais, que nos ensinava que o socialismo nestas terras era uma impossibilidade histórica.
Fidel e Revolução Cubana deitaram os muros que nos cingiam aos limites do eurocentrismo e abriram as portas à recriação de uma teoria social crítica em acorde a nossas sociedades.
Em Fidel os povos de todo mundo e, em especial os da América Latina, da África e da Ásia encontraram uma solidariedade que fez do povo cubano as lutas de libertação nacional dos povos da Argélia, do Vietnã, da Palestina.
A ousadia e o espirito internacionalista de Fidel foi responsável pela derrota que impuseram as Forças Armadas Revolucionárias e os combatentes angolanos as tropas da África do Sul na histórica batalha de Cuito Canavale.
Segundo Nelson Mandela, em discurso realizado em Cuba por ocasião do aniversário do assalto ao quartel Moncada, “a derrota do exército do Apartheid serviu de inspiração ao povo combatente da África do Sul e tornou possível que hoje eu possa estar com vocês”.
Para além dos campos de batalha a solidariedade de Fidel aos povos oprimidos se expressou no apoio dado pelos médicos e trabalhadores (as) de saúde de Cuba em numerosos países do mundo. Principiou com o envio de uma brigada de médicos a Argélia em 1963 e se estendeu a Venezuela, Haiti, Bolívia, Equador, Nicarágua e Argentina. Se estimam em mais de 250 mil os médicos e médicas cubanas que participaram em missões de ajuda humanitária.
Nos anos oitenta do século XX, a campanha de Fidel contra a dívida externa dos países latino-americanos e, o apoio militante a luta contra a ALCA em princípios deste século desempenharam um papel de primeira grandeza no processo de integração regional que tiveram inicios com os governos dos presidentes Chávez, Lula, Nestor, Mujica, Rafael Correa e Evo e, dos quais viriam a surgir a UNASUL e a CELAC.
A busca da integração dos povos da América Latina fez de Fidel Castro um depositário e continuador das ideias de Simon Bolivar e, em particular de Jose Marti: se trata de unir nossos povos em face da voracidade do Império neocolonial que são os Estados Unidos da América.
A aguda compreensão que possuía Fidel lhe fez ver os riscos crescentes à sobrevivência da humanidade que o desequilíbrio ecológico provocado pelo sistema capitalista acarreta. O humanismo de Fidel se fez ponte a uma reflexão que integrou na elaboração socialista a compreensão da relevância da questão ecológica e do desenvolvimento sustentável.
A história de Fidel Castro é a história da luta contra a injustiça, é a história de um homem e de um dirigente político completamente comprometido com sua Cuba, com nossa América, sabedor que os índios espoliados, os negros escravizados, os pobres destas terras somos capazes de dignidade e portadores de futuro.
Fidel nos deixou, mas persiste conosco, pois seu nome junto ao de Che se fizeram bandeira da luta contra a injustiça, sinuelo da dignidade rebelde de nossos povos.
Hasta la victória Siempre!