Lula: o povo só vai parar se a democracia voltar

O 15 de março de 2017 é um dia histórico na luta contra os golpistas que tomaram de assalto o poder no Brasil. Ao todo, durante as ações do Dia Nacional de Paralisação nos 27 estados da União, mais de um milhão de pessoas foram às ruas protestar contra as reformas da Previdência e Trabalhistas que foram impostas por Michel Temer, presidente ilegítimo do Brasil.

Em Belo Horizonte aproximadamente 100 mil pessoas se manifestaram. Em Recife, foram 40 mil pessoas. No Pará, em Belém, se reuniram 5 mil manifestantes.

Em Porto Alegre no final da tarde desta quarta-feira  com cerca de 10.000  pessoas ocorreuthumb.aspx, na Esquina Democrática por volta das 17h, no Centro da Capital, e seguiram caminhada pela avenida Borges de Medeiros até o Largo Zumbi dos Palmares, na Cidade Baixa. ocorreu a manifestação.

Em São Paulo, a Avenida Paulista estava totalmente tomada por mais de 300 mil trabalhadores contrários à reforma da Previdência proposta pelo governo Temer. Do Museu de Arte de São Paulo (Masp), onde se concentram os manifestantes, não era possível ver onde terminava a ocupação da via. A todo momento os presentes iniciavam coros de “Fora Temer”, reivindicando a rejeição total da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287, que define a reforma.

Falando para centenas de milhares de pessoas que foram à Avenida Paulista, centro de São Paulo, ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fechou o principal ato público do Dia Nacional de Paralisações contra as reformas da Previdência e trabalhista propostas pelo governo de Michel Temer.

Ao lado de lideranças dos movimentos sociais e sindical, discursou para a multidão e criticou a falta de sensibilidade dos donos do poder: “Eu queria que o Meireles e o Temer ouvissem o recado de vocês. Ao invés de fazer uma reforma para tirar dinheiro, façam a economia voltar a crescer”.

image_largeNa opinião do ex-presidente, o atual governo empurrou “goela abaixo do povo brasileiro uma reforma que vai impedir a aposentadoria de milhões”. O projeto, continuou Lula, deixa “cada vez mais claro que o golpe dado neste país não foi apenas contra a Dilma e os partidos de esquerda, foi para colocar um cidadão sem nenhuma legitimidade para acabar com as conquistas sociais do povo”.

Lula falou sobre seu governo:

“Um dia nesse país nós resolvemos o problema da previdência incluindo os pobres no orçamento. Quando a gente conseguiu incluir o pobre no orçamento da União, o pobre passou a ser a solução ao invés do problema. Quando geramos 22 milhões de emprego, todas as categorias tinham aumento acima da inflação”.

A solução adotada por Michel Temer, avaliou Lula, não é satisfatória:

“É preciso parar com essa bobagem de cortar e vender as nossas estatais. Quem não sabe governar, só sabe vender”. Os retrocessos vividos desde o impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff colocaram em xeque a imagem internacional do Brasil: “Esse país era respeitado no exterior e hoje temos um presidente que não tem coragem de ir nem à Bolívia”.

O necessário agora, disse Lula, é fazer os brasileiros se sentirem orgulhosos novamente:

“Nós queremos ter o direito de voltar a sermos respeitados e de ter dignidade. Tenho orgulho de ter sido presidente por oito anos e ter ajudado esse país a levantar a cabeça”.

Antes de terminar, fez uma previsão sobre o futuro do país:

“Quem pensa que o povo está contente, está enganado; esse povo só vai parar quando elegerem um governo democraticamente”.

O ex-presidente já havia encerrado seu discurso, quando pediu a palavra novamente para avisar às milhares de pessoas que estará na Paraíba no próximo domingo (19). Lula vai visitar as obras da transposição do Rio São Francisco ao lado de Dilma Rousseff e Ciro Gomes. Fez questão de pedir aos presentes que avisassem aos parentes que moram na região.

Assista ao vídeo  da Manifestação na Avenida Paulista

Com golpista, não se negocia

O presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, reforçou a importância das manifestaçõesb7f1dec60b45e967d7b9ef6f9c80bcd5realizadas no país.

“Nós temos tido várias datas históricas na luta da resistência do povo trabalhador. Hoje foi um dia extraordinário, com muita adesão e deixa claro que o povo é contra a Reforma da Previdência e Trabalhista.”

Para Freitas, a manifestação prova que não é possível que o governo insista na tramitação dos projetos.

“Nós não vamos negociar migalhas com o Temer, não vamos negociar migalhas com golpista. O Temer tem que retirar do Congresso a Reforma da Previdência. Se ele não retirar, nós vamos organizar a maior greve-geral que este país já viu.”

O presidente da CUT, Vagner Freitas, disse que o recado está dado.

“Não vamos aceitar as reformas da Previdência e trabalhista. É bom que deputados e senadores saibam que quem votar a favor será cobrado. Vamos visitar as casas deles, vamos denunciar insistentemente. Não vão acabar com os direitos dos trabalhadores.”

Boulos: “o início de um novo momento”.

Guilherme Boulos, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Tetoimages images(MTST) afirmou que o dia de hoje é “um marco”.

Boulos disse:

“Até aqui, nas últimas manifestações e dias de luta, estavam vindo às ruas apenas os movimentos organizados. Hoje tivemos um salto de qualidade. Muita gente que não está necessariamente mobilizada veio às ruas. Vários trabalhadores de diversas categorias estão paralisados em todo o Brasil. Temos já mais de 100 mil pessoas na Paulista, seguramente. Começou a cair a ficha sobre o tamanho do ataque das reformas trabalhista e da Previdência. É o início de um novo momento”.

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Com Rede Brasil Atual e Lula