O “Marxismo de Che Guevara” lançado no Brasil

Em atividades levadas adiante pelo Sindbancários de Porto Alegre e Região – CUT e pela Associação Cultural José Marti ocorrerão no Rio Grande do Sul atividades de lançamento do livro “O Marxismo de Che Guevara”, de Carlos Tablada, economista cubano e um dos maiores especialistas na obra de Che.

Tablada escreveu o já clássico e, ainda sem tradução ao português, “O Pensamento Economico de Che Guevara”, obra com dezenas de traduções e edições.

No dia 19 de outubro, em Porto Alegre ocorrerá o lançamento da edição brasileira da obra “O Marxismo de Che Guevara”. A atividade que contará com a  presença do autor será as 18.30 horas, no Teatro Dante Barone da Assembleia Legislativa gaúcha.

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Atividade em Porto Alegre

A pós o lançamento será realizado o show “Canto Épico a La Ternura”,  com a presença de variados artistas.

No dia 20, em Caxias do Sul será realizado o lançamento e debate com  Tablada na Universidade de Caxias do  Sul, UCS as 19.00 h.no auditório do Bloco H.

No 21 de outubro em Novo Hamburgo ocorrerá além do lançamento do livro e debate um sarau em homenagem a Che.

 

Confira a seguir a apresentação do livro.

CHE GUEVARA COMO MARXISTA CRÍTICO

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Atividade em Novo Hamburgo 

Ao longo de mais de cinco décadas Carlos Tablada tem desenvolvido um imenso trabalho como intelectual tendo escrito e publicado vários livros e dezenas de artigos e ensaios em revistas especializadas. Atua como professor da Universidade de Havana e pesquisador vinculado a vários centros de estudo como, por exemplo, o Centro de Pesquisas de Economia Mundial de Cuba, o Centro Tri-continental da Bélgica, foi fundador do Fórum Mundial de Alternativas e responsável pelas publicações do mesmo. Em 1987 foi vencedor do Prêmio Casa das Américas com o livro “El Pensamiento Econômico de Ernesto Che Guevara”, resultado de mais de quinze anos de estudos e pesquisas, do qual foram publicadas 32 edições e duas reimpressões em 13 países e em 9 idiomas, com mais meio milhão de exemplares. 

A experiência como intelectual se alia seu trabalho como administrador. Tablada foi diretor econômico e de serviços dos Planos Especiais de Educação (1973- 1975) e, a partir de 1976 da empresa nacional de produção e serviços da Secretaria do Conselho de Estado da República de Cuba, a EMPROVA, que conta com 52 fábricas e unidades de serviços.

O Marxismo do Século XXI e o Pensamento de Che Guevara é uma obra de resgate e reivindicação, pois nela seu autor retira a Revolução Cubana e a Che dos altares, lhes resgata da prisão da condição de ícones em camisetas e cartazes, remove-lhes a poeira do tempo e nos entrega reflexão a Revolução e a Guevara na plenitude de sua rebeldia e compromissos libertários e emancipadores do ser humano.

A Revolução Cubana foi o processo revolucionário mais ousado e inovador da segunda metade do século XX, foi uma revolução realizada contra os dogmas da imensa maioria da esquerda mundial, a época sob a hegemonia dos partidos comunistas alinhados a URRS. Em janeiro de 1959 caiu a ditadura de Batista e abalada uma leitura do marxismo permeada pelo determinismo, pelo positivismo e o dogmatismo.

A obra de Che é uma das maiores expressões do caráter renovador e libertário da Revolução. A obra de Tablada reivindica esta herança, reconstitui o sentido global da produção teórica guevariana, que ao não haver sido sistematizada pelo Che em livros ordenados encontra-se dispersa em livros variados, artigos, cartas, gravações e em sua própria ação.

Che ao mesmo tempo em que demonstrou a impossibilidade do capitalismo imperialista em garantir o desenvolvimento e o progresso dos países da América Latina, da África e da Ásia mas, igualmente, nas palavras do autor, também “enfrentou e formulou alternativas à doutrina e à ideologia de dominação desenvolvidas pelas castas burocráticas dos regimes da URSS e do leste europeu e da incipiente burocracia cubana anos sessenta” e desenvolveu um pensamento e uma prática alternativos desde o início da Revolução Cubana. 

Em seu livro Tablada demonstra um Che critico ao dogmatismo, ao esquemátismo desumanizado e contraditório com os princípios socialistas da doutrina soviética e sua contribuição ao desenvolvimento de “uma cultura e uma ética de liberação humana dos trabalhadores, uma ideologia marxista, comunista, de superação da alienação, de liberação dos trabalhadores como classe e como indivíduos”, de “genuíno poder popular”. Em síntese: para Che o marxismo é um movimento e não um dogma, é uma “teoria e uma prática para subverterem, criarem e não para estabelecerem um sistema de obediência e dominação”.

Resgatar as contribuições de Che, de Mariategui, de John William Cooke, de Florestan Fernandes, de Caio Prado Junior e de tantos outros pensadores marxistas latino-americanos, dedicar-se ao estudo da realidade concreta de nossos países e do Continente é uma exigência incontornável no esforço para superar as debilidades do campo popular, formular propostas capazes de derrotar a contrarrevolução liberal.

A leitura da presente obra nos reforça a certeza que o conhecimento da obra de Ernesto Che Guevara é um elemento importante na caminhada para construirmos, a partir de nossa própria história, cultura e do protagonismo do povo trabalhador, a emancipação dos seres humanos.

Boa leitura.​

Everton Gimenis

Presidente do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região.